sábado, 16 de outubro de 2010

Programação Festa do Percevejo!!!

20hs-21hs: um som étnico-eletroacústico com Alfredo Toné (discotecagem)
21hs-22hs30: um som brazuca com Fernando Oliveira (violão), Paula Duarte (flauta) e Kiko Marques (pandeiro)
22hs30-24hs: um som experimental com Gui Coubi (piano), Gabriel Kolyniak (gaita), Rômulo Alexis (trompete), Davis (sax), Caio Souto (guitarra), Iratan Gomes, Gabriel Kerhart, Amely Monteiro e Ana Goldenstein (voz e performance).
00h-01h: Tom Corteze (discotecagem)
01h-02hs: Cecília Aranha (discotecagem)
02hs-03hs: Portuga (discotecagem)
03hs-até o povo guentá: mix percevejo (livre manifestação de músicas, poemas, cenas e performances por porte de qualquer convidado da festa)

O endereço da festa: rua Doutor Rui Batista Pereira,125 (Caxingui)
Até logo!!!

domingo, 19 de setembro de 2010

"Depois de morto, falarei como vivo!"

Vou falar do meu ofício não como mestre, mas como aquele
que faz versos. O meu artigo não tem nenhum  significado teórico. Falo do meu trabalho, que, no fundo, segundo as minhas observações e a minha convicção, pouco se distingue do trabalho de outros poetas profissionais. Uma vez mais repito categoricamente: não forneço qualquer regra capaz de transformar um homem em poeta e de o levar a escrever versos. Poeta é justamente o homem que cria as regras poéticas.”
“A minha atividade literária desses vinte anos converteu-se, essencialmente, para falar com toda a franqueza, num bofetão literário no seu melhor sentido.”
“Em toda a minha vida nunca trabalhei para fazer concessões, ao contrário, tudo em mim se organizou de maneira a desagradar a todos.”
“Os chefes de redação sabem apenas dizer isto agrada-me ou isto não me agrada, esquecendo que o gosto é uma coisa que pode desenvolver-se. Quase todos os chefes de redação me confessaram que não ousam devolver os manuscritos dos poemas por não saberem o que dizer.”
“Digo-vos com franqueza: nunca soube distinguir os iambos dos coreus, nem tenciono distinguí-los. Não por se tratar de um assunto muito difícil, mas porque no meu trabalho de poeta nunca tive necessidade de recorrer a esses truques.”
“Penso, mais de uma vez: seria melhor talvez pôr-me o ponto final de um balaço. Em todo o caso eu hoje vou dar meu concerto de adeus...Executarei meus versos na flauta de minhas próprias vértebras.”
“Nenhum clássico conserva para sempre o seu caráter de vanguarda. Estudai-os e amai-os na época em que viveram. Mas que não venham com o seu enorme traseiro de bronze impedir passagem aos jovens poetas que hoje iniciam o seu caminho. Não digo apenas por mim, mas por milhares de poetas oriundos da classe operária.”
“Li para ele (Gorki) partes do poema Uma nuvem de calças. Num repente de sensibilidade, cobriu-me de lágrimas todo o colete. Comovera-o com os meus versos. Fiquei um tanto orgulhoso. Pouco depois, tornou-se claro que ele chorava em todo colete de poeta.”
“Berliuk me fez poeta. Lia-me franceses e alemães.Empurrava-me livros. Andando, falava sem parar. Não me soltava um instante sequer. Dava-me cinquenta copeques por dia. Para que escrevesse sem passar fome.”
“Não existe obra de arte que me tenha entusiasmado mais do que o Prefácio de Marx.”
“E vocë? Poderia algum dia tocar um noturno louco na flauta dos esgotos?”
“Nesta vida morrer não é difícil. O difícil é a vida e seu ofício.”
“Morre meu verso como um soldado anônimo na lufada do assalto. Cuspo sobre o bronze pesadíssimo, cuspo sobre o mármore viscoso. Partilhemos a glória, entre nós todos, o comum monumento: o socialismo, forjado na refrega e no fogo.”
“Os versos para mim não deram rublos, nem mobílias de madeiras
caras. Uma camisa lavada e clara, e basta,--para mim é tudo. Ao comitê central do futuro ofuscante sobre a malta dos vates velhacos e falsários, apresento em lugar do registro partidário todos os cem tomos dos meus livros militantes.”
“O mar se vai o mar do sono se esvai. Como se diz: o caso está encerrado. A canoa do amor se quebrou no quotidiano. Estamos quites. Inútil o apanhado da mútua dor mútua quota de dano.”


V. Maiakovski

Rifa - Mulheres de Maiakovski - Por apenas R$ 1,00 alzinhu..

É..Mulheres de Maiakovski "por apenas "R$ 1,00 alzinhu" vodka, cerveja ou vinho..."

"(...) Em meio as tremendas lutas que travava, Maiakovski não abria mão do ideal  de um amor novo, de concepção mais elevada, entre o homem e a mulher. E então, ao lado da poesia política, de combate duro, ou mesmo dentro dela, confessava-se, desabafava, sonhava ou penintenciava-se, em poemas de amor. Mas na vida quotidiana, ainda praticava a " Desgraçada Infidelidade".

"Não temas
que em meu pescoço de touro
Tenham subido mulheres úmidas
de ventre suarento.
É que através da vida,
arrasto milhares de enormes e puros amores
e milhares e milhares
de amorzinhos pequeninos e sujos.
Não temas
que de novo na descgraçada infidelidade
eu me aproxime de mil caras bonitas
amantes de Maiakovski."

V. MAIAKOVSKI

Estamos vendendo uma rifa: " Mulheres de Maiakovski" da qual vc poderá participar, investindo apenas R$ 1,00. O prêmio é uma garrafa de vinho ( Periquita) , OU uma garrafa de vodka ( Smirnoff), OU uma Caixa de Cerveja ( à definir). A Rifa será aberta no dia 1 de Outubro - sexta-feira, no INDAC. Adquira já antes que acabe, a sua mulher Maiakovskiana "por apenas R$ 1,00alzinhu,  vodka, cerveja ou vinho."

Biografia MAIAKOVSKI


Vladimir Mayakovsky nasceu e passou a infância na aldeia de Bagdadi, nos arredores de Kutaíssi, na Geórgia, Rússia.
Lá cursou o ginásio e, após a morte súbita do pai, a família ficou na miséria e transferiu-se para Moscou, onde Vladimir continuou seus estudos.
Fortemente impressionado pelo movimento revolucionário russo e impregnado desde cedo de obras socialistas, ingressou aos quinze anos na facção bolchevique do Partido Social-Democrático Operário Russo.
Detido em duas ocasiões, foi solto por falta de provas, mas em 1909-1910 passou onze meses na prisão. Entrou na Escola de Belas Artes, onde se encontrou com David Burliuk, que foi o grande incentivador de sua iniciação poética. Os dois amigos fizeram parte do grupo fundador do assim chamado cubo-futurismo russo, ao lado de Khlebnikov, Kamiênski e outros. Foram expulsos da Escola de Belas Artes. Procurando difundir suas concepções artísticas, realizaram viagens pela Rússia.
Após a Revolução de Outubro, todo o grupo manifestou sua adesão ao novo regime. Durante a Guerra Civil, Mayakovsky se dedicou a desenhos e legendas para cartazes de propaganda e, no início da consolidação do novo Estado, exaltou campanhas sanitárias, fez publicidade de produtos diversos, etc. Fundou em 1923 a revista LEF (de Liévi Front, Frente de Esquerda), que reuniu a “esquerda das artes”, isto é, os escritores e artistas que pretendiam aliar a forma revolucionária a um conteúdo de renovação social.
Fez inúmeras viagens pelo país, aparecendo diante de vastos auditórios para os quais lia os seus versos. Viajou também pela Europa Ocidental, México e Estados Unidos. Entrou freqüentemente em choque com os “burocratas’’ e com os que pretendiam reduzir a poesia a fórmulas simplistas.
Foi homem de grandes paixões, arrebatado e lírico, épico e satírico ao mesmo tempo.
Suicidou-se com um tiro em 1930.


Sua obra, profundamente revolucionária na forma e nas idéias que defendeu, apresenta-se coerente, original, veemente, una. A linguagem que emprega é a do dia a dia, sem nenhuma consideração pela divisão em temas e vocábulos “poéticos” e “não-poéticos”, a par de uma constante elaboração, que vai desde a invenção vocabular até o inusitado arrojo das rimas.
Ao mesmo tempo, o gosto pelo desmesurado, o hiperbólico, alia-se em sua poesia à dimensão crítico-satírica. Criou longos poemas e quadras e dísticos que se gravam na memória; ensaios sobre a arte poética e artigos curtos de jornal; peças de forte sentido social e rápidas cenas sobre assuntos do dia; roteiros de cinema arrojados e fantasiosos e breves filmes de propaganda.
Tem exercido influência profunda em todo o desenvolvimento da poesia russa moderna.



 

CRONOLOGIA DE MAIAKOVSKI - Por Boris Schnnaiderman

Dossiê Maiakovski

1893 — Vladímir Vladímirovitch Maiakóvski nasce na aldeia de Bagdádi, nos arredores de Kutaíssi (hoje Maiakóvski), na Geórgia, filho do inspetor florestal Vladimir Constantinovith Maiakóvski e de Aleksandra Aleksiéievna.

1902 — Adoece gravemente de tifo. Segundo reminiscências de sua mãe, A. A. Maiakóvskaia1, foi então que ele se tornou um defensor ardoroso da água fervida.

1902-1904 — Cursa o ginásio de Kutaíssi, para onde se transferiu a família. É um leitor apaixonado de romances de aventuras. Começa a estudar desenho e pintura.

1905 — Lê discursos, jornais e folhetos socialistas. Participa de manifestações que são o reflexo local da Revolução de 1905.

1906 — Morte do pai de Maiakóvski. A família transfere-se para Moscou, em condições de extrema penúria. O menino é matriculado no quarto ano de um ginásio moscovita, onde estuda mal. Continua suas leituras socialistas. Escreveria mais tarde na autobiografia “Eu mesmo”,2 lembrando aqueles dias: “Eu simplesmente não aceitava a literatura. Filosofia. Hegel. Ciências naturais. Mas sobretudo o marxismo. Não existe obra de arte que me tenha entusiasmado mais que o ‘Prefácio' de Marx”.3

1908 — Abandona o ginásio e ingressa no Partido Operário Social-Democrático Russo, ligando-se à sua ala bolchevique. Executa algumas tarefas, como propagandista nos meios operários. Em março, é preso numa tipografia clandestina. Pouco depois, é solto sob fiança. No outono, ingressa numa escola de Artes e Ofícios.

1909 — Segunda prisão, seguida de uma terceira, desta vez como participante num plano de evasão de mulheres presas.

1910 — O encarceramento se prolonga, e o jovem completa onze meses na prisão de Butirki. Ali se atira a uma leitura febril de romances e da poesia russa da época, sobretudo da escola simbolista. Faz versos. “Obrigado aos guardas: ao soltar-me, tiraram aquilo. Senão, era capaz de publicar!” Saindo da prisão, abandona o ginásio. Dedica-se novamente à pintura, desta vez num estúdio. “Fiquei pintando serviços de chá prateados, em companhia de não sei que damazinhas. Depois de um ano percebi: estava estudando prendas domésticas”.

1911 — Torna-se aluno do pintor P. I. Kélin, cuja arte realista elogiaria mais tarde. Ingressa na Escola de Pintura, Escultura e Arquitetura, “o único lugar onde me aceitaram sem exigir atestado de bons antecedentes.”… “Fiquei espantado: protegiam-se os imitadores e perseguiam-se os independentes. Lariônov4, Máchkov. O instinto revolucionário me colocou do lado dos que eram expulsos”. Na escola torna-se amigo de seu colega, o pintor e poeta David Burliuk. O próprio Maiakóvski se referiria depois à amizade entre ambos, com alguma ironia, como ponto de partida do futurismo russo. “É com um amor de todos os momentos que penso em David. Um amigo magnífico. Meu verdadeiro mestre. Burliuk me fez poeta. Lia-me franceses e alemães. Empurrava-me livros. Andando, falava sem parar. Não me soltava um instante sequer. Dava cinqüenta copeques por dia. Para que escrevesse sem passar fome.”

1912 — O poema “Noite” se torna seu primeiro texto publicado. Participa do grupo dos cubo-futuristas, que passa a editar o almanaque “Bofetada no gosto público”. Este sai com uma declaração assinada por Maiakóvski, ao lado de Burliuk, A. Krutchônikh e V. Khliébnikov. Maiakóvski toma parte em discussões públicas, leituras de poemas e outras atividades no gênero, que marcaram a deflagração do movimento futurista russo.

1913 — Violentas polêmicas. Maiakóvski assume atitudes de desafio e usa a famosa blusa amarela. Publica o artigo “Teatro, cinema, futurismo”, com ataques ao realismo da época. Apresentação da tragédia “Vladímir Maiakóvski”, que rompe totalmente as convenções teatrais em voga e resulta em tremenda assuada.1914 — Maiakóvski e Burliuk são convidados pela diretoria da Escola de Pintura, Escultura e Arquitetura a abandonar a violenta campanha de agitação a favor do futurismo. Em conseqüência da recusa, expulsam-nos do estabelecimento. Viagens pela Rússia em companhia dos demais cubo-futuristas, aos quais se uniu o poeta V. V. Kamiênski. Deflagrada a Primeira Guerra Mundial, Maiakóvski passa por um momento de entusiasmo patriótico. Depois, predomina a repugnância pela carnificina, conforme se constata pelos versos, pela autobiografia e por outros escritos. Mas, “para falar da guerra, é preciso tê-la visto”. Apresenta-se como voluntário, sendo recusado, por suspeição política. É característico desse período o poema “A mãe e o crepúsculo morto pelos alemães”.

1915 — Passa algum tempo em Kuokala, no Golfo da Finlândia, local de veraneio de artistas e escritores. Ali continua a escrever o poema “Uma nuvem de calças”. Faz uma visita a Górki. “M. Gorki. Li para ele partes da ‘nuvem'. Num repente de sensibilidade, cobriu-me de lágrimas todo o colete. Comovera-o com os meus versos. Fiquei um tanto orgulhoso. Pouco depois, tornou-se claro que ele chorava em todo colete de poeta. Assim mesmo, guardei, o colete. Posso cedê-lo a algum museu da província”. Depois da estadia em Kuokala, estabelece-se em Petrogrado. Conhece o estudioso de literatura Óssip Brik, cuja mulher, Lília Brik, torna-se o grande amor de Maiakóvski. Conclui os poemas “Uma nuvem de calças” e “A flauta vértebra”. Submetido à censura, o primeiro desses poemas sai com “uma seis páginas cobertas de pontos”. Convocado para as fileiras em outubro, desta vez não quer ir para a linha de frente e se faz passar por desenhista, a fim de não sair de Petersburgo. Assiste a aulas noturnas sobre desenho de automóveis. Sua condição de convocado dificulta a atividade literária, pois os soldados são proibidos de publicar materiais.

1916 — Colabora na revista “Liétopis” (Anais), dirigida por Górki e de tendência pacifista. Conclui os poemas “A guerra e o mundo” e “O homem”.

1917 — Deflagrada a Revolução de Fevereiro (27 de fevereiro; 12 de março pelo Calendário Gregoriano, introduzido depois de Outubro), toma parte ativa nos acontecimentos e assume por alguns dias o comando da Escola de Motoristas. Nos meses do governo de Kerênski, sua posição política assemelha-se à dos bolcheviques. A exemplo dos demais membros do grupo cubo-futurista, aceita plenamente a Revolução de Outubro. “A minha revolução. Fui ao Smólni5. Trabalhei. Fiz tudo que vinha às mãos.”

1918 — Escreve “Ode à Revolução”, “Marcha de Esquerda” e outros poemas revolucionários. Desempenha o papel principal em diversos filmes (muitos contemporâneos exaltaram seus dotes como ator) e escreve argumentos para cinema. Em 25 de outubro, montada em Petrogrado, em comemoração do aniversário da Revolução de Outubro, a peça de Maiakóvski “Mistério-bufo”, sob a direção de V. Meyerhold e com cenários de Casimir Maliévitch, fundador do Suprematismo e um dos expoentes da pintura moderna russa. A obra provoca forte oposição nos meios teatrais. Os atores são reunidos por meio de anúncios em jornais, e o próprio Maiakóvski precisa desempenhar três papéis. O espetáculo é suspenso depois de apenas três sessões. Não obstante a divergência de concepções estéticas, Maiakóvski e o grupo cubo-futurista encontram apoio no Comissário da Instrução Pública, A. V. Lunatchárski. Editam “A arte da Comuna”, órgão do Comissariado.

1919 — Transfere-se para Moscou. Realiza muitas viagens, para conferências e leituras de poemas. Ingressa na ROSTA (sigla de Rossíiskoie Tieliegráfnoie Aguentstvo — Agência Telegráfica Russa), onde redige versos para cartazes e freqüentemente os desenha também.

1920 — Atividade muito intensa na ROSTA. Acaba de escrever o poema “150.000.000” e publica-o anônimo, “para que cada um pudesse completá-lo e melhorar. Ninguém o fez, em compensação todos sabiam quem era o autor”. Nas difíceis condições da Guerra Civil, Maiakóvski se considera um combatente, conforme se pode constatar pela sua obra da época. Reelabora o “Mistério-bufo”.

1921 — Depois de vencer inúmeras dificuldades burocráticas, apresenta uma versão nova do “Mistério-bufo”, ainda sob a direção de Meyerhold, e que tem perto de cem representações. A mesma peça é levada em alemão, para os participantes do III Congresso do Comintern, realizado em Moscou. Maiakóvski passa a escrever no jornal “Izviéstia” (Notícias).

1922 — Aparecem as últimas “vitrinas” da ROSTA. Maiakóvski organiza a editora MAF, que lançará as obras dos futuristas. Trabalha no poema “Quinta Internacional”, que não será concluído. Viaja pelo Ocidente, visitando a Letônia, Berlim e Paris. Escreve a autobiografia “Eu mesmo”.

1923 — Organiza com seus amigos futuristas a revista “Lef” (de Liévi front” — frente de esquerda), que, segundo a intenção declarada de Maiakóvski, deveria aliar arte revolucionária e luta pela transformação social. Na revista, colaboram Eisenstein, Pasternak, Dziga-Viértov, Isaac Bábel, Óssip Brik, Assiéiev, Ródtchenko, etc. Escreve o poema “A respeito disso”, além de poemas didáticos, propaganda política e propaganda de produtos comerciais. Publica versos inspirados pela viagem ao Ocidente e um livro de impressões em prosa.

1924 — Viaja intensamente pela Rússia: conferências, discussões, leitura de poemas. Escreve um dedicado ao jubileu de Púchkin. Termina o longo poema “Vladímir Ilitch Lênin”. Faz uma viagem a Berlim e outra a Paris.

1925 — Publica um livro de versos inspirados pela sua estada em Paris, além de trabalhos em prosa. Conclui o poema “O proletário voador”. Inicia uma longa viagem ao exterior: pretende dar volta ao mundo, mas, depois de seis meses, tendo estado sobretudo em França, Espanha, México e Estados Unidos, regressa apressadamente à pátria. Organiza o livro em prosa “Minha descoberta da América” e publica poemas inspirados pela viagem.

1926 — Dedica-se intensamente à colaboração, em prosa e verso, na imprensa cotidiana. Intensifica também suas viagens pela União Soviética. “Continuo a tradição interrompida dos trovadores e menestréis”. Escreve o ensaio “Como fazer versos?”. Publica o poema “A Sierguéi Iessiênin”. Escreve cenários de cinema.

1927 — Aparece o primeiro número da revista “Nóvi Lef” (Novo Lef). Outra viagem pela Europa: Berlim, Paris, Praga, Varsóvia. Escreve o poema “Bem!”. Publica impressões de viagem (em prosa). Continua sua atividade de cenarista, mas os cenários mais importantes não são aproveitados. O cenário “Esquece a lareira!” daria origem à peça “O percevejo”.

1929 — Estréia de “O percevejo”. Nova estada em Paris. Escreve “Os banhos”.

1930 — Estréia de “Os banhos”. O poeta adere à RAPP (Associação Russa dos Escritores Proletários), num período de grande polêmicas. Inaugura-se a exposição “Vinte anos de atividade de Maiakóvski”, o que suscita novos debates e ataques ao poeta, enquanto outros preferem simplesmente silenciar sobre a exposição. Maiakóvski e seus amigos ficam evidentemente chocados com a ausência, na inauguração, de representantes das agremiações literárias e da imprensa. Numa discussão pública, que tem lugar no auditório do Instituto Plekhânov de Economia Popular, sofre ataques de estudantes, que repetem as velhas acusações: “incompreensível para as massas”, “usa palavras indecentes”, etc. Maiakóvski replica: “Quando eu morrer, vocês vão ler meus versos com lágrimas de enternecimento”. Na ata da sessão consta: “Alguns riem”6. A fase de depressão que atravessa é agravada por sucessivas afecções da garganta, particularmente penosas para quem procurava sempre falar em público, e cuja poesia está marcada pela oralidade. Termina o poema “A plenos pulmões”. Suicida-se com um tiro em 14 de abril.

SINOPSE – O PERCEVEJO - V. Maiakovski

Não apenas “O percevejo” é a melhor peça de Vladímir Maiakóvski ( 1893-1930), conforme diz Boris Schnaiderman no pósfácio a esta edição da editora 34 que retoma o texto de 1980 - não o roteiro da peça levado aos palcos brasileiros em 1981 (Rio) e em 1983 (São Paulo) , mas o original, traduzido e em parte adaptado por Luís Antonio Martinez Corrêa e cotejado com o original russo por Boris, que inseriu alguns pequenos trechos - , como também ele conserva imutados , na tradução, o espírito, a vivacidade de tom e a atualidade originais.
O próprio Maiakóvski fez questão de apresentar, num texto chamado “ Sobre o Percevejo” e divulgado na imprensa, a “comédia que é publicitária, tendenciosa e dedicada a um problema” antes que ela estreasse, em 1929.
Na seqüência-resumo das nove cenas que ele fornece e que sintetizamos (resumo este, também, propositalmente tendencioso, conforme o leitor terá ocasião de ver, confrontando a peça com sua própria interpretação), já dá para desconfiar de que problema se trate.
Prissípkin, ex-operário, ex-membro do partido, ex-amante da operária Zoia Beriózkina, muda seu nome para o mais melodioso Skrípkin ( de skripka , violino), para se casar com a manicure Elzevira, filha de Rosália Pávlovna Renaissance, cabeleireira enriquecida durante o período da Nova Política Econômica, com cujo dinheiro Prissípkin e o amigo Baian, autodidata e ex-proprietário, preparam um casamento “vermelho”.
A companheira Zoia tenta o suicídio e, no alojamento, os operários expulsam o “ noivo” que rompe com sua classe de maneira barulhenta. Um incêndio extermina todos os personagens. Entre os cadáveres nota-se a falta de um que, pelo visto, fora consumido pelo fogo. Mas não é isso que aconteceu.
Num surpreendente achado ( cujos efeitos, na peça original eram potenciados pela direção de Meyerhold, pela cenografia de Ródchenko e pela música de Shostakóvitch), Prissípkin é encontrado, cinqüenta anos depois, em 1979, congelado e intacto, numa tina d’ água dos bombeiros. Uma votação coletiva decide ressuscitá-lo. Junto com ele ressuscita um belo e corpulento percevejo: o Percevejus normalis.
Uma estranha epidemia grassa na cidade, como conseqüência da necessidade de se produzir “cerveja” para aliviar Prissípkin, acostumado que estava a uma vida embebida de vodka.
A criatura descongelada não se adéqua à nova época, Seu desespero só é mitigado pela leitura de um anúncio do Zoológico que procura um ser de aparência humana para receber picadas e manter vivo um inseto recém-adquirido.
A cidade acorre ao Zoológico. Duas jaulas novas são expostas: uma do Percevejus normalis, a outra do Philistaeus vulgaris, Prissípkin, que por pouco não fora tomado por um Homo sapiens.
A cena final, como diz o posfácio, é o momento do discurso patético do Philistaeus em que a farsa se transforma em tragédia, prenunciando, de certa forma, o trágico fim do próprio Maiakóvski.

Nepotismo, corrupção, mesquinhez, burocracia, rede de ligações suspeitas “necessárias”, acomodação, abafação : à exposição de tudo isso , ao “ amontoado de fatos pequeno-burgueses”, ao “problema”, enfim, Maiakóvski chama, de “ o desmascaramento da burguesia atual”.

E o melhor meio para tanto viria a ser para ele a dramaturgia: “Agora passarei totalmente a me dedicar a peças, fazer versos ficou muito fácil”, reporta Mikháilov , sendo que “ a principal dificuldade é traduzir os fatos para a linguagem teatral da ação e do encantamento”, dizia Maiakóvski em 1928, ao preparar a apresentação de “O percevejo”.

Na verdade, conforme informa nota sobre a peça retirada das “Obras Escolhidas” do autor ( Moscou, 1949), nas quais também consta a apresentação feita por Maiakóvski (traduzida na presente edição) , “O percevejo” é uma retomada de outra peça, “Esqueça a lareira”, de 1927-28, que se destinava ao Sovkino de Leningrado. Nela sente-se a forte influência de seu trabalho jornalístico, em particular, no “Komsomólskaia Pravda”, algumas de cujas manchetes aparecem na peça, junto com trechos de seus poemas anteriores. Só que o personagem Prissípkin, comum às duas obras, que Maiakóvski pretendia apresentar ao público como tipo negativo – diz novamente Boris Schnaiderman no posfácio – “com o desenrolar da ação, assume a envergadura de uma grande figura trágica. Tal como no caso de “Os demônios” de Dostoiévski, o autor tinha em mente determinado fim didático e político, mas a obra foi mais longe e superou em muito o projeto inicial.”